Ondados fios de ouro reluzente,
Que agora da mão bela recolhidos,
Agora sobre as rosas estendidos
Fazeis que sua graça se acrescente;
Olhos, que vos moveis tão docemente,
Em mil divinos raios encendidos,
Se de cá me levais alma e sentidos,
Que fora, se de vós não fora ausente?
Honesto riso, que entre a mor fineza
De perlas e corais nasce e parece,
Se na alma em doces ecos não o ouvisse!
Se imaginando só tanta beleza,
De si, em nova glória, a alma se esquece,
Que será quando a vir? Ah! quem a visse!
TEMA
Neste soneto, o sujeito imagina e exalta a beleza da amada ausente, cujo retrato reconstitui pela memória (influência platónica da teoria da reminiscência), e, no último terceto, exprime grande desejo de a ver, através da interrogação retórica, da interjeição (“Ah!”) e da exclamação. Revela, sobretudo, influência petrarquista na idealização da mulher e na exaltação das suas qualidades físicas (os cabelos, os olhos, o rosto, os dentes, os lábios) e, também, das suas qualidades psicológicas ou morais (a doçura, a graça, a honestidade).
ESTRUTURA INTERNA
O soneto divide-se em duas partes lógicas:
1ª parte – primeiros onze versos – caracterizam e exaltam a beleza da amada, concentrada nos cabelos, nos olhos e no riso;
2ª parte – último terceto – a oração condicional, o advérbio “tanta”, a interrogação retórica e a exclamação fnal contribuem para dar feição hiperbolizante aos encantos da amada e justificam o forte desejo de a ver.
UNIDADE FORMA / CONTEÚDO
A caracterização da amada e a exaltação da sua beleza são conseguidas através dos seguintes recursos estilísticos:
a) Metáfora - “Ondados fios de ouro reluzentes” (cabelos louros ondeados e luzidios),
“as rosas” (as faces cor-de-rosa),
“em mil divinos raios encendidos” (intensamente brilhantes),
“perlas e corais” (dentes e lábios),
“a alma se esquece” (se extasia).
b) Personificação - dos cabelos e dos olhos, a quem o sujeito se dirige.
c) Interrogação Retórica - 8º verso e no último.
d) Exclamação e Interjeição - 11º e 14º versos.
e) Adjectivação expressiva - “ondados”, “reluzente”, “honesto”, “doces”.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
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As figuras de estilo que aperecem neste poema, no 1º verso, são: a metáfora, e a personificação?!
ResponderEliminarJoana, nº15 - 10ºN
Este poema é interessante pois o sujeito poético recorre á imaginação, ao pensamento e á influência platónica para descrever e exaltar a beleza da sua ausente amada.
ResponderEliminarNeste poema é particularmente notória a influência platónica em Camões. Em particular a teoria da anamnese, que defende que a nossa alma antes de nascermos teve uma visão directa das Ideias ou Formas platónicas, que são ideais e perfeitas. Depois de nascermos a alma esquece-se desse contacto directo com as Ideias Platónicas, vindo no decurso da sua vida na Terra a lembrar-se das Formas platónicas (e neste sentido para Platão "aprender é recordar").
ResponderEliminarCamões, obviamente influenciado por Platão, compara a sua amada à Ideia de Beleza ou à Beleza em si. E é por causa da comparação da sua amada a uma Ideia que Camões idealiza a primeira e as suas características.
hey es gay
ResponderEliminareu sou lesbica
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