terça-feira, 12 de maio de 2009

AQUELA TRISTE E LEDA MADRUGADA

Aquela triste e leda madrugada,
Cheia toda de mágoa e de piedade,
Enquanto houver no mundo saudade
Quero que seja sempre celebrada.

Ela só quando, amena e marchetada,
Saía, dando ao mundo claridade,
Viu apartar-se de ua outra vontade,
Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,

Que duns e doutros olhos derivadas,
Se acrescentaram em grande e largo rio.

Ela viu as palavras magoadas,

Que puderam tornar o fogo frio,
E dar descanso às almas condenadas.


TEMA

O tema deste conhecido soneto é a separação (despedida) dos amantes numa madrugada simultaneamente “triste e leda”. Triste porque testemunha da grande dor que os domina, portanto, subjectivamente triste; e alegre, porque se trata do romper duma aurora “amena marchetada” de um dia radioso, portanto objectivamente, alegre.

ESTRUTURA INTERNA

O soneto divide-se em duas partes lógicas:
1ª parte – 1ª quadra – funciona como uma introdução, em que o poeta manifesta a vontade (“quero”) de que “aquela triste e leda madrugada (…) seja sempre celebrada”;
2ª parte – 2ª quadra e os dois tercetos – justifica-se a necessidade da celebração dessa madrugada, correspondendo cada uma dessas estrofes a um momento da justificação.
Cada um desses momentos é marcado, não só pela divisão estrófica, mas também pela repetição do pronome pessoal “Ela”, referido à madrugada, personagem principal e única testemunha (“viu”) daquela separação.

A 1ª parte é mais descritiva, passa-se no presente (“quero”) e o sujeito projecta os seus desejos no futuro.
A 2ª parte é mais narrativa, evoca um acontecimento, e daí a utilização dos pretéritos perfeito (“viu” (três vezes); “acrescentaram”) e imperfeito do indicativo (“saía).


UNIDADE FORMA / CONTEÚDO

O elemento madrugada assegura a unidade do poema e funciona como personagem principal. Assim, são-lhe atribuídas características e acções animizadoras: triste, leda, cheia de mágoa e de piedade, amena…
O carácter desta separação pode ver-se através de:

a) Hipérbole - as lágrimas “que s’acrescentaram em grande e largo rio”
b) Antítese - as palavras magoadas “que puderam tornar o fogo frio”

9 comentários:

  1. Na 3ª estrofe encontramos o motivo da separação, como identificamos isso no teste?

    Joana, nº15 - 10ºN

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  2. Também gostei bastante deste poema pois o sujeito retrata uma contradição, em que põe em causa a tristeza de uma despedida de uma amada com a alegria do nascer de um dia e a beleza dessa manha;

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  3. Este poema de Camoes foi um dos poemas que mais gostei pois demonstra uma contradição de ideias sobre uma separação, como o próprio título mostra. É interessante pois o sujeito poetico afirma que a madrugada foi, ao mesmo tempo, alegre e triste. Como e que uma separação, só porque estava um dia radioso, pode ser alegre?

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  4. Para além do soneto da mudança, este é um poema que gosto bastante. O sujeito poético faz uma contradição relativamente a tristeza causada pela despedida dos amantes e em oposição a alegria pelo crescer do dia.

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  5. Este é um dos meus poemas favoritos pois pega em dois sentimentos opostos a tristeza/alegria.
    E tambem devido ao estado da Natureza mudar devido a ausência da sua amada, originando uma total irrelevância pela beleza da Natureza contrariamente á situação em que a sua amada se encontra presente e se nota uma certa harmonia.

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  6. apreciei muito este soneto de Camões porque neste soneto o sujeito fala da tristeza da despedida da sua amada e também fala do nascer do dia
    diogo 10ºN

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  7. Este soneto é interessantissimo porque o sujeito poético não consegue viver sem a presença da sua amada. Se amada não tiver por perto a beleza que o rodeia é irrelevante, é por isto que torna este soneto interessante.
    João Pedro Gonçalves 10ºN Nº16

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  8. Neste soneto de Camões, há uma contradição. Esta contradição é bastante visível pois Camões diz que foi uma triste, mas ao mesmo tempo alegre madrugada, em que a sua amada o deixou. A amada deixou-o, o que o deixou bastante triste, mas por outro lado estava a nascer um belo dia.

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  9. Camões, neste soneto, descreve a separação dos amantes que ocorre numa madrugada, triste mas ao mesmo tempo alegre.
    Foi triste a madrugada devido à separação dos amantes e alegre devido à grande beleza do início de um dia radioso.

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