terça-feira, 9 de junho de 2009

OS MAIAS NO 11ºANO

No 11º ano, os alunos, na disciplina de Português, lêem o romance Os Maias, de Eça de Queirós. Ou melhor: devem ler, mas, frequentemente, deixam-se intimidar pela extensão do romance e não o lêem...
Neste final de ano, apresentados os trabalhos dos Guiões a partir do romance queirosiano, alunos do 11º ano foram convidados a realizar leitura de extractos e comentários à obra, nas minhas turmas do 10º ano.

O objectivo foi motivar os colegas para a leitura e desmistificar a ideia de que é um texto impossível de ler.

Cumpriram o seu objectivo: no final, alguns dos alunos do 10º ano declararam que vão começar a ler o romance neste próximo Verão. Não temos ilusões: com certeza, o sol, a praia e as férias vão fazer esquecer esta declaração a muitos… Mas teremos, na mesma, concretizado o objectivo se um só aluno mantiver a sua promessa.
A terminar mais um ano, a professora de Português, orgulhosa dos seus alunos, deixa-lhes o seu agradecimento pelo facto de, mais uma vez, terem demonstrado o seu valor académico e humano. Obrigada.

Seria importante que todos acreditassem na importância dos clássicos para a formação do sujeito e que, de meros espectadores, passassem a leitores reflexivos.

ATÉ SEMPRE! BOAS FÉRIAS!

Caros alunos e alunas,

este Blog foi criado sobretudo com o objectivo de funcionar como diário virtual, para tornar mais acessível opiniões, sugestões, orientações, troca de informações, comentários, dúvidas, textos criativos, críticos ou literários... material por mim indicado(bibliografia) ou por vós realizado (vídeos e fotos de trabalhos, visitas de estudo).

Destinou-se também à publicação de conteúdos relacionados com as temáticas discutidas nas aulas.

Resta-me agradecer a vossa colaboração e disponibilidade durante o presente ano lectivo e desejar-vos muitas felicidades na vida futura.

Ah!... Contem comigo para qualquer dúvida que vos surja... o Blog continuará disponível para todos os que o desejarem consultar.

Interessa agora que compartilhem as vossas experiências e opiniões sobre a criação de um Blog na disciplina de Português.

Um abraço,
Salomé Ramos Neves
A Professora de Português

segunda-feira, 8 de junho de 2009

AVALIAÇÃO DE AULAS

Sugiro-vos que façam uma apreciação sobre as aulas de Português.

domingo, 7 de junho de 2009

SUGESTÕES DE LEITURA

Mais um ano lectivo que termina e outro que se avizinha.
Cumpre-me, enquanto docente da disciplina de Português, aconselhar-vos quanto às leituras que poderão realizar durante o período de férias.
O prazer da leitura faz parte do património genético de cada um. É gosto que nasce connosco; como todos, pode ser educado e fomentado ou tendencialmente apagado. Depende da natureza do terreno em que medrar e da forma como é adubado.
De bem pequeno encontrei na leitura um dos meus passatempos favoritos. Gosto alimentado pela possibilidade de dispor do consumo típico e adequado para a idade, aliado ainda ao facto da televisão nunca me ter verdadeiramente como um seu apaixonado. E assim é que a saga dos “Cinco” e dos “Sete” foi devorada e dissecada até à exaustão, e arrumada no imaginário de criança - possivelmente funcionando numa grande percentagem como alternativa aos bonanzas e casas na pradaria. Porque embora à data a liberdade fosse ainda uma utopia, o certo é que nestes domínios, felizmente, cada um comia aquilo de que gostava. Dentro de certos limites...
E assim se foi sucedendo literatura mais ou menos inocente e avulsa, sem critério de qualidade ou fidelidade a qualquer género, e cada vez mais esparsa. É que o pulsar da alma e do corpo convidavam a outros rumos. Felizmente para mim, encontrei quem reacendesse e incentivasse o meu gosto pelos livros, encaminhando-me na direcção correcta, facultando-me e aconselhando-me aqueles que instintivamente despertaram a minha curiosidade. Na pessoa da Drª Ester Brandão, modelo de Professora e de Senhora, marca indelével na minha vida como exemplo pedagógico, científico e humano.
E naturalmente comecei pelo princípio. Júlio Dinis em doses adequadas, enredo prendendo ao ritmo das actuais novelas, foi trampolim para coisas mais sérias e elaboradas. Tudo a seu tempo e sem precipitações. De Camilo a Eça foi um pulo; e a partir daí sobe o tom da exigência. É como na vida. Aos dez anos aprecia-se uma laranjada; passa-se à cerveja; e só depois de muita zurrapa ingerida estamos apetrechados a descobrir as excelências de um bom néctar ou saborear o paladar arrastado de um malte. Aos dez anos aprecia-se o Marco Paulo; passa-se ao rock de empreitada; viaja-se em buscas mais depuradas, e após muita batida sedimentada nos tímpanos aderimos à música clássica ou ao jazz.
Não conheço criança de seis anos que tenha começado a ler Proust ou a agitar o corpo ao som de Bach. Assim na literatura, não há mal nenhum começar pelos paulos coelhos ou margaridas nas suas diversas vertentes; é até muito bom e natural...desde que se dê o salto em devido tempo e se não passe a vida toda a beber laranjada.
As estatísticas dizem-nos que cada vez se lê menos. Colho-o por experiência própria, através da observação, contactos e conversas com as novas gerações. Verifico contudo um fenómeno aparentemente contraditório: é que o distanciamento em relação aos livros é contrariado e compensado por saudável curiosidade e interesse pelo que se passa à nossa volta, nos mais variados capítulos e áreas. Com informação colhida invariavelmente através da net.
Numa análise apressada e atrevida, legitimada apenas pelo interesse que desperta o que me circunda, estou em crer existir actualmente um desfasamento insuperável entre o imediatismo da informação colhida através da net ou dos mais diversos meios audiovisuais e o suporte papel. Este, mais lento e mastigado, não se compadece com o ritmo a que a vida é sorvida. É o triunfo da fast food sobre o manjar de qualidade. Mas a derrota deste último só advém ou do seu desconhecimento ou da falta de oportunidade para o saborear.
E como incutir nas crianças o gosto pela leitura - sem que tal tenha de afastar o recurso a actuais instrumentos de conhecimento e diversão? Através do fornecimento de material literário capaz de os seduzir e despertar. Por dever de ofício, folheio e contacto os manuais de português em uso na secundária. A começar por textos daqueles, também eu actualmente não gostaria certamente de ler. São dissuasores de qualquer aproximação à literatura; secos e desinteressantes, não tem em qualquer conta a realidade do dia a dia nem os seus destinatários; nem cativam pela estética nem pelo conteúdo.
Concordo que deve ser difícil entusiasmar um adolescente com um clássico português em que são necessários vários capítulos para dar um beijo quando muitas vezes se pergunta o nome do parceiro ao acordar. Mas não haverá autores actuais, de qualidade, portugueses ou estrangeiros de temática capaz de aliciar um jovem?
Não será preferível o recurso inicial à literatura light, entendida somente como etapa necessária a outros voos? Tenho para mim que a net e televisão têm costas largas como responsáveis pelo desinteresse e afastamento da leitura. O valor de uso de uma coisa pressupõe o seu conhecimento. E os responsáveis pela divulgação do livro e literatura parece nem conhecerem o produto que têm em mãos nem os interesses do alvo a que se dirigem.
Rodrigo Peixoto

Estes são alguns dos livros que sugiro:

Título: A Madona Autor: Natália Correia

Título: O Vento assobiando nas gruas Autor: Lídia Jorge

Título: Antónia mulher coragem Autor: Vasco Resende

Título: Fala-me de Amor Autor: Graça Gonçalves

Título: A Pérola Autor: John Steinbeck

Título: A cidade dos deuses selvagens Autor: Isabel Allende

Título: Os Maias Autor: Eça de Queirós

Título: Sermão de Santo António aos Peixes Autor: Pe António Vieira

Título: Frei Luís de Sousa Autor: Almeida Garrett
Dois romances históricos fabulosos:

“A Pedra de Luz – Nefer o Silencio” Christian Jacq

. Neste livro, sacerdotes artesãos e artistas vivem numa cidade proibida aos profanos, cercada por muros altíssimos, onde eram incumbidos de construir os templos e as moradas eternas dos poderosos, no Vale dos Reis. Este local era conhecido como Lugar da Verdade, onde somente poderia trabalhar quem tivesse recebido o chamamento divino. Ramsés vive os últimos anos de seu reinado e aguarda o término da construção da sua morada sagrada.

“A Terra Será Tua” Chufo Lloréns

É um poderoso romance histórico que nos faz viajar a um dos mais fascinantes períodos históricos de Barcelona. O autor envolve-nos em duas histórias: a dos ilícitos amores do Ramón Berenguer I, e a luta do camponês Martí para vencer na vida e poder finalmente casar com a mulher que ama.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

REFLECTIR SOBRE A POESIA

1. Origem Etimológica[1] da Palavra Poesia

O termo Poesia resulta do Latim poese e do Grego poiesis e significava, originalmente, a arte de escrever em verso. No entanto, semanticamente, evoluiu também para outros contextos, podendo significar, igualmente, harmonia, inspiração, carácter do que comove, do que faz pensar (in, Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Neste dicionário, ainda se faz referência a Poesia de estilo, riqueza, animação, colorido em prosa ou em verso e também a Poesia muda, a pintura.

2. O Género Lírico

Na lista dos Géneros Literários
[2] não existe nenhum “Género Poético”, mas sim o Género Lírico. Então, o que significa Lírico? Segundo o mesmo dicionário supracitado, a palavra vem do Latim lyricu, relativo a lira, que é um instrumento musical de sons muito suaves e harmoniosos. Na Antiguidade Clássica, utilizava-se a palavra para designar a poesia e os versos que se cantavam com acompanhamento da lira, ou a poesia que tem especialmente o fim de exprimir o que se sente, os sentimentos pessoais do poeta.

3. Vamos reflectir…

Sabendo, então, que a Poesia se pode encontrar em diversas formas de arte (na literatura, na pintura, na música…) e que o Género Lírico é uma forma literária capaz de descrever e transmitir emoções e sentimentos em verso (e, por isso mesmo, é também Poesia), como podemos distinguir ou relacionar estes dois conceitos
[3]? (a discutir na aula).


4. Breve História da Poesia

A Poesia é a forma especial de linguagem, mais dirigida à imaginação e à sensibilidade do que ao raciocínio. Em vez de comunicar, principalmente, informações, a poesia transmite, sobretudo, emoções. Digamos, então, que a poesia é uma forma estética
[4] de nos exprimirmos.
Pela sua origem e pelas suas características, a poesia está muito ligada à música. Ela é uma das mais antigas e importantes formas literárias. Desde tempos mais remotos, as pessoas sentem prazer em cantar enquanto trabalham ou brincam. Os poetas antigos recitavam histórias de deuses e heróis.
Ao longo do tempo, os poetas e os filósofos preocuparam-se em definir a poesia. Para o poeta espanhol Garcia Lorca, "Todas as coisas têm seu mistério, e a poesia é o mistério que todas as coisas têm". Mas Poesia, por si só, não é definível. Aquilo que tu consideras poético poderá não despertar nenhum sentimento em mim…
Os escritores têm elaborado composições poéticas de vários tipos. Dois deles, entretanto, são considerados os principais: o poema lírico (escrito em verso) e o poema narrativo (escrito em verso, mas contando uma estória). Existe ainda, a prosa poética, composição em prosa que, pela sua beleza e elevada capacidade de transmissão de emoções, é considerada poesia.

4.1. A poesia árabe

Entre os árabes, enquanto estes povoavam o território que mais tarde viria a ser Portugal, encontramos um punhado de poetas de grande valor:
· Al-Mu'tamid (rei do Reino de Taifas de Sevilha).
· Ibn Bassam (em Santarém, na altura chamada Xantarim).
· Ibn'Amar e Ibn Harbun (de Silves).

4.2. Poesia na Idade Média Cristã

Com a Reconquista Cristã e a fundação da nacionalidade, inicia-se a época da poesia galaico-portuguesa
[5], com alguns dos nossos reis, também eles, poetas e trovadores, como por exemplo, D. Dinis:
· Cantigas de amigo.
· Cantigas de amor.
· Cantigas de escárnio e maldizer.
Estes textos, cantados por trovadores, foram compilados em antologias da época, manuscritas, a que se deu o nome de Cancioneiros:
· Cancioneiro da Ajuda – Compilado em Portugal no final do século XIII ou no princípio do século XIV.
· Cancioneiro da Vaticana - Compilado em Itália no fim do século XV ou no princípio do século XVI.
· Cancioneiro Colocci-Brancutti ou Cancioneiro da Biblioteca Nacional - Compilado em Itália no fim do século XV ou no princípio do século XVI.
· Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende, compilado em 1516.

4.3. Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões é, como já deves ter percebido, o vulto maior da poesia portuguesa. Foi ele que escreveu Os Lusíadas, obra editada em 1572, que é o poema nacional por excelência, uma vez que, a par da viagem de Vasco da Gama à Índia, relata também os episódios mais importantes da História de Portugal, tendo divulgado o valor do povo português por todo o Mundo. Trata-se de um Poema Narrativo (pertencente ao Género Épico que estudarás no 9º ano). Camões também nos deixou inúmeras poesias líricas, reunidas em Rimas, obra editada, depois da sua morte, em 1595.
Em relação aos séculos mais recentes e ao nosso século XXI, terás oportunidade de descobrir, na aula de Língua Portuguesa, os poetas que nos deixaram e continuam a deixar as palavras que nos encantam!


[1] Etimologia: estudo da origem e da formação das palavras.
[2] Géneros Literários: relembrar o Género Narrativo e o Género Dramático.
[3] Conceito: noção, ideia.
[4] Estética: ciência que estuda o Belo nas produções da inteligência humana, do ponto de vista artístico.
[5] Galaico-português: a primeira língua a ser falada em Portugal, que misturava o Português e o Galego.