terça-feira, 28 de abril de 2009

CAMÕES LÍRICO

Na lírica camoniana coexistem a poética tradicional, herdada da poesia trovadoresca e do Cancioneiro Geral, e o estilo renascentista, introduzido em Portugal por Sá de Miranda. Relativamente à poesia da medida velha ou corrente tradicional, poder-se-á referir que as formas predominantes são as redondilhas e as composições poéticas o vilancete e a cantiga. Ao nível do conteúdo, encontram-se temas tradicionais e populares: a menina que vai à fonte; o verde dos campos e dos olhos; o amor simples e natural, a saudade e o sofrimento; a dor e a mágoa; a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena; o amor platónico. Algumas das composições poéticas que sustentam as afirmações enunciadas são “Descalça vai para a fonte”, “Se Helena apartar”, “Aquela cativa”, entre outras.

No que diz respeito à poesia da medida nova ou corrente renascentista, poder-se-á aludir ao facto de a forma predominante ser o verso decassilábico e a composição poética, o soneto. Ao nível do conteúdo, encontram-se variados temas ligados não só ao amor e à mulher, como também à mudança e ao desconcerto do mundo. Considerando a temática do amor, dever-se-á sublinhar que esta surge quase sempre associada à da mulher; o amor segue um ideal platónico e petrarquista, é o amor sensível e espiritual, mas, por vezes, com a tortura do desejo (aqui Camões afasta-se de Petrarca); a mulher é ausente e surge divinizada e inacessível, dona de uma beleza estereotipada, de onde sobressaem os cabelos de ouro; o olhar indefinido, mas doce; o gesto suave; o sorriso honesto, doce e vago. É uma mulher que se pauta pela perfeição e pureza, cuja beleza se reflecte na natureza. Algumas das composições poéticas que patenteiam as temáticas enunciadas são “Ondados fios de ouro reluzente” e “Um mover d’ olhos, brando e piedoso”. Por último, a poesia de Camões refere a mudança, sempre para pior, do mundo, evidenciando, desta forma, o desconcerto do mundo, com os valores morais a inverterem-se e a perderem-se, visível no soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Em suma, a poesia de Camões é riquíssima não só quanto às formas utilizadas, como também às temáticas abordadas. É uma poesia humanista, preocupada com os grandes problemas do ser humano, apresentando-se dentro dos princípios do classicismo renascentista.

3 comentários:

  1. Camões é um poeta que eu, David Santos, aprecio muito.
    Os seus poemas são de qualidade mundial.
    já apresentei em aula a vida de Camões, portanto conheço bem este poeta. aconcelho todos a lerem e aperciarem os poemas dele!

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  2. cometi dois erros:
    correcção: Aconselho, Apreciarem.

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  3. Hoje, dia de Camões, queria prestar a minha pequena homenagem ao poeta de dimensão mundial.Na poesia épica faz desfilar a gesta dos descobrimentos, a viagem de V.da Gama, os perigos e medos,as críticas contemporâneas(o Velho do Restelo),evoca feitos de antepassados,expôe todo o seu conhecimento da História e Literatura.
    Os sonetos,a lírica nos Lusíadas,são do mais belo até hoje escrito.A sua vivência e a vida atribulada que teve contribuiram, concertza, para que vertesse na poesia o que lhe ia na alma.
    Ao perdermos a independência no ano da sua morte, alguém escreveu: ... parece que com ele morreu a Pátria!
    Hoje, a nossa sociedade tão desmoralizada (a crise, a crise!...)bem precisava de ir à sua obra buscar inspiração para se motivar e acreditar.

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